sexta-feira, setembro 23, 2005

duas, três, quatro, cinco, seis, sete.


Às vezes gostava de me dividir em milésimas de mim e andar por aí.

Ao sabor de palavras sussuradas.

Gostava de ser o grito contido das conchas que vagueiam entre a espuma branca e a areia rugosa.

Ou ser uma ferida, sentir o sangue quente, pedaço de alguém...

Passear nos vãos escuros de escadas em mansões milenares, sentir-me um pedaço de pó irreditívelmente incómodo.

Ser a corda de uma guitarra, ser música que cola no ouvido, na pele, fragmento de voz metálica.

Gostava de ser duas, três, quatro, cinco, seis, sete. Ser tantas que não coubesse em mim.

Desfragmentadamente completa, completamente desfragmentada.

Mas sou tão tantas e tão ninguém.

1 comentário:

Unknown disse...

olha a gémea :)