terça-feira, novembro 01, 2005

JN online - o 1º jornal digital em Portugal...

O JN abriu o seu sítio na web em 27 de Julho de 1995, muito pelo entusiasmo do director de então, Frederico Martins Mendes, e da direcção técnica da empresa. Deste modo, tornou-se o primeiro jornal online em Portugal. A sua procura não se fez esperar e os dados fornecidos pela empresa apontam para as 180 mil visitas semanais ao site logo no ano seguinte. Esse acesso foi feito, evidentemente, a partir de Portugal, mas mais ainda a partir de outros 70 países, especialmente naqueles em que existem comunidades emigrantes (num volume que rondou 54% do total de visitas em 1996).
O jnoticias.pt foi registado oficialmente como domínio no dia 5 de Março de 1996 e, a 12 de Outubro de 1998 o registo oficial passa para jn.pt.
Desde os primeiros passos até hoje, a maior alteração do JN online foi a última remodelação, realizada em 2003. Além da mudança de visual e da estrutura da página, foi feito um investimento na informação local e na actualização noticiosa ao longo do dia. Também a passagem da página para os servidores do SAPO veio alterar alguns mecanismos internos.

A informação de última hora, a consulta de informação local pelo nome da terra, a disponibilização das edições dos dias anteriores, o arquivo e a valorização do espaço dedicado a dossiers e portfólios são os aspectos do JN online que destacaram uma maior evolução.
O JN tem procurado também realçar a interactividade com os leitores através dos fóruns “Desabafe connosco” e “A sua notícia”. Entre mensagens e respostas, as participações no JN digital representam mais do dobro das cartas de leitores publicadas na edição impressa.

Sendo um jornal em suporte digital, o JN online difere, em alguns aspectos, do jornal diário impresso. Essas diferenças residem na informação online de “última hora” – como é natural, esta informação é basicamente rápida, ritmada e com uma linguagem mais próxima da rádio e das agências noticiosas (isto é, não tão elaborada como no papel). Na versão digital há também alguma preocupação com os dossiers, onde é dada a informação mais vasta possível sobre determinada matéria. Alguns dossiers podem mesmo ser autónomos da edição impressa, estando disponíveis exclusivamente no JN online.

A informação do JN online engloba toda a edição em suporte de papel, incluindo mesmo as suas quatro versões (Nacional, Minho, Centro e Sul). Todavia, apesar do meio digital ser claramente diferente do impresso, não há qualquer tratamento diferenciado para a informação disponibilizada na web. A única diferença neste domínio é a homepage, que é totalmente editada e náo segue as mesmas linhas da versão de papel.

No JN não existem jornalistas exclusivos para a versão online, sendo que os três jornalistas (Carlos Lobo Ferreira e Manuel Molinos no Porto e Sandra Alves em Lisboa) que nela trabalham, fazem também trabalhos para a edição impressa. As funções do jornalistas no JN online cifram-se pelo fecho e lançamento de edição (noite) e actualização de última hora (no turno da noite). Também editam dossiers e portfólios, tal como são responsáveis pela edição de última hora e a gestão de fóruns (no turno de dia).

Sendo um jornal digital um meio muito específico, existem alguns constrangimentos. No que concerne às questões técnicas, os jornalistas online do JN referem que o desenvolvimento e alojamento do servidor e dos gestores de conteúdos do JN online nos servidores do SAPO tem levantado alguns problemas. Alegam que o automatismo criado pelo SAPO nem sempre se adequa ao sistema informático usado para a edição impressa, resultando numa série de erros visíveis na edição online.
Contudo, a maior dificuldade foi, e continua a ser, tentar tornar a edição online um suporte de características diferentes da edição em papel, onde predomine a interactividade. Sendo o jornal impresso e o online veiculados por diferentes canais, o produto de ambos deve ser distinto.

Segundo as estatísticas da Marktest (publicadas a 5 de Agosto de 2005) , no último mês de Junho o JN online foi a publicação digital que registou o maior crescimento de visitantes únicos, subindo 31,8% para os 116 mil. "O Jornal de Notícias foi a publicação digital que mais visitantes únicos ganhou de Maio para Junho, de acordo com os dados do estudo Netpanel da Marktest". Contudo, o "Público"online continuou na liderança, seguido da "Bola" e do "Record", estando o JN , nesse ranking, apenas na 9ª posição.
Segundo dados fornecidos pelo JN, no mês passado a edição online teve cerca de 2,3 milhões de visitas, predominantemente centradas entre as 8 e as 10 horas e direccionadas sobretudo para o Desporto, o Grande Porto, a Sociedade e a Economia.
Apesar da crescente afluência à página do JN, este media online não escapa às críticas feitas pelos jornalistas portugueses e especialistas. Pode mesmo generalizar-se o facto destes jornais online, ao fim de 10 anos continuarem a ser rudimentares, não optimizando os recursos permitidos pela web, como "a multimedialidade, a hipertextualidade e a interactividade". "As qualidades distintas desta nova forma de jornalismo incluem actualização noticiosa contínua, acesso global à informação, reportagem instantânea e personalização de conteúdos. Mas será porventura a vertente da narrativa hipermédia a representar uma das rupturas mais significativas, aos níveis conceptual e prático, entre velhos e novos modelos". O JN padece do subaproveitamento desta potencialidades.
O primeiro jornal online português, tal como grande parte dos restantes, tem revelado dar pouca resposta às solicitações que lhe são feitas por meio digital, o que não parece muito positivo para aquele que devia ser um exemplo online.

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